16/02/2017 às 00h00 com informações de Folha de Londrina

Empresários reclamam de correção da base de cálculo do ICMS

Para setor, medida do governo estadual implicará em nova alta da carga tributária

A decisão do governo estadual de atualizar a tabela de substituição tributária - margem de valor agregado (MVA)- provocou um alvoroço na classe empresarial. Os empresários acreditam em esse ajuste, somado ao aumento do ICMS em 2015, acarreta em mais uma alta da carga tributária e que possa impactar negativamente no consumo. 

Os novos percentuais da MVA, ferramenta que compõe a base de cálculo do ICMS, serão aplicados a partir de 1º de março. A margem de valor agregado leva em consideração a diferença entre o custo de produção e o preço final ao consumidor. Nessa diferença é aplicada a alíquota do ICMS, que deve ser recolhida antecipadamente pela indústria por toda a cadeia. 

"O governo é quem determina a margem de lucro, e o imposto é cobrado na fase industrial. O malefício desse reajuste é que o produto sairá mais caro para o distribuidor (comerciante), e, por consequência, ao consumidor", avalia o diretor financeiro da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Rodolfo Zanluchi. 

A entidade pretende fazer um manifesto para mostrar a insatisfação com a política econômica do governo estadual. "O empresariado não está aguentando mais pagar impostos e com essa medida o governo vai criar um passivo para as empresas. Precisamos criar um canal de diálogo para rever esse posicionamento do governo", afirma Zanluchi. 

De acordo com a Secretaria Estadual da Fazenda, a tabela foi ajustada, em alguns casos, com redução da MVA como em produtos de limpeza e alimentação. No entanto, os empresários alegam que em 90% dos produtos houve reajuste e não redução. "A planilha veio com alterações em todos os produtos, desde produtos básicos, materiais de construção, linha branca. Em quase 90% dos produtos houve aumento", afirma o diretor da Acil. 

Para o economista Sidnei Pereira do Nascimento, professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a medida vai resultar em aumento da carga tributária e terá impacto no poder de compra do consumidor. "A inflação está recuando por conta da restrição da demanda e quando você aumenta a carga tributária reduz o poder de compra do consumidor e piora a situação. Acredito que essa medida possa ser um tiro no pé do governo", avalia. 

Segundo ele, em um quadro de recessão, ao invés de ter uma acréscimo na receita, a arrecadação pode decrescer. Nascimento traça três possíveis consequências com esse reajuste: redução da demanda de consumo, sonegação de impostos ou inadimplência. 
 
Contraponto

O diretor da Receita Estadual, Gilberto Calixto, afirma que foi realizada uma pesquisa de análise das notas fiscais online para verificar os preços praticados pelo varejo e definir a nova tabela. "O preço na ponta é dinâmico, o varejista pode aumentar ou diminuir a sua margem de lucro, por isso fizemos a pesquisa para revisão das margens", justifica. 

O governo não concorda que houve aumento da carga tributária, pois, de acordo com o diretor da Receita, vários produtos tiveram redução da MVA, como por exemplo sucos, refrigeradores, alvejantes e detergentes. "O segmento de supermercado teve vários produtos com redução", defende. 

"Ao longo do tempo foram inseridos novos produtos na tabela de substituição tributária e alguns produtos estavam com defasagem da margem de lucro, alguns para mais outros para menos", acrescenta. O diretor da Receita rebate os empresários, questionando se eles vão repassar a redução aos consumidores.