Eleição deve adiar decisão do STF sobre planos econômicos
É improvável que o relator coloque o caso polêmico em pauta em tempos de campanha eleitoralO julgamento dos planos econômicos no STF (Supremo Tribunal Federal), com impacto potencial bilionário para os bancos brasileiros, ficará para depois das eleições.
A avaliação é de partes envolvidas no caso, que consideram improvável que o relator de um dos principais processos, o futuro presidente do STF, Ricardo Lewandowski, coloque o caso polêmico em pauta em tempos de campanha eleitoral.
O julgamento do processo, que coloca em questão eventuais perdas de poupadores com a edição de planos econômicos editados no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 para debelar a inflação, começou em novembro do ano passado.
Foi suspenso, retomado em maio, e suspenso novamente, a pedido da AGU (Advocacia Geral da União), Banco Central e bancos, que reclamaram a revisão do cálculo do lucro estimado dos bancos com os planos.
Parecer da Procuradoria Geral da República indicava que os bancos tiveram ganhos de R$ 441,7 bilhões com a aplicação dos recursos dos poupadores, e que poderiam fazer frente, com folga, aos custos de um processo favorável aos poupadores.
A PRG revisou drasticamente esse dado para R$ 21,8 bilhões, mas não indicou revisão das estimativas de quanto os bancos terão de desembolsar, caso a decisão do STF seja favorável aos poupadores.
A PRG leva em conta cálculo de 2009 do Banco Central, que avalia em aproximadamente R$ 105 bilhões o impacto da decisão ao sistema financeiro.
Com a redução do cálculo dos lucros e a estimativa de impacto mantida, bancos e governo enxergam que uma das principais premissas da defesa dos poupadores -de que houve lucros excepcionais para os bancos com os planos e que o impacto não será drástico- perde força.
Segundo o parecer da PGR, o dado inicial dos lucros representava 20% dos saldos totais das cadernetas de poupança existentes na época dos planos, a chamada "faixa livre".
O cálculo "aperfeiçoado" leva em conta os lucros dos bancos com operações com recursos da faixa livre, sobre as quais os bancos são autorizados a cobrar taxas de mercado, feitas entre junho de 1987 e setembro de 2008.
Com a revisão, o processo estaria então pronto para voltar à pauta do STF.
Fonte do governo afirma que ainda há o que ser contestado da revisão feita pela PGR, outro elemento que contribui para a protelação do caso. Uma delas é o período levado em conta nos cálculos revisados, muito além da vigência dos planos econômicos, que vão até 1991.