Pedidos de recuperação judicial devem recuar cerca de 10% em 2020
Contrariando todas as previsões do início da pandemia, em 2020 não teve quebradeira. O ano terminou com uma queda de cerca de 10% no número de pedidos de recuperação judicial em relação ao ano anterior.
O número de pedidos deve ficar em torno de 1110, segundo projeção da consultoria ARM. O número exato dos pedidos de dezembro só deve ser divulgado em fevereiro, mas a consultoria estima que ficará próximo dos 52 registrados em novembro.
A explicação está nos programas governamentais que injetaram uma liquidez da ordem de 10% do PIB. Os R$ 275 bilhões do auxílio emergencial, a oferta de crédito, além de medidas como postergação de impostos, cancelamento de execuções privadas e tributárias e a suspensão de ordens de despejo ajudaram a aliviar o fluxo de caixa das empresas.
Segundo Marcus Vasconcellos, sócio da ARM, 2021 começa com um nível baixo de empresas avaliando a possibilidade de entrar com pedido. — Está difícil fazer previsões diante das incertezas sobre o ritmo da retomada. Mas não acredito que 2021 vai ficar abaixo de 2019. As empresas estão mais endividadas — diz.
Ele acredita que as medidas podem produzir um efeito de longo prazo para empresas que conseguiram uma renegociação de dívidas com os bancos. Mas, a tendência, diz, é de aumento de pedidos a partir de março.
— O problema agora está nos bancos. As empresas devem entrar em nova rodada de negociação. Parte das dívidas foi renegociada para o médio e o longo prazo, mas uma parte vai ter que pagar agora. Se elas percebem que o banco vai endurecer, elas se adiantam e entram com pedido de RJ se proteger.