Se eleito, Campos rejeita aumentar impostos e diz que vai rever tabela do IR
Campos acenou com a possibilidade de taxar com IPVA lanchas e aviões particulares, em detrimento de automóveis popularesO candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, disse na manhã desta terça-feira (5) que, se eleito, será o primeiro presidente a não aumentar a carga tributária no país durante todo o mandato.
Campos ouviu de entidades de classe de auditores fiscais municipais, estaduais e federal propostas de reforma tributária e se comprometeu a reavaliar a atual tabela de cobrança de imposto de renda. A ideia é que a pessoa passe a contribuir a partir de um piso mais alto do que o atual.
Atualmente, a primeira faixa salarial que passa a contribuir é de R$ 1.787, algo que Campos avaliou que "não é nornal" e "inconcebível". O candidato não disse o quanto seria razoável, mas ouviu a proposta apresentada pelo Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Fedral) de que esse piso passe a ser a partir de R$ 2.800.
"Para mudar é preciso ter coragem para dizer que não dá para achar que é normal o imposto de renda incidir na renda de alguém que ganhe R$ 1.800", disse durante fala proferida em reunião ocorrida em hotel em Copacabana, zona sul do Rio.
Ainda que não tenha apresentado algo concreto, o discurso de Campos foi em linha com as propostas apresentadas pelas entidades de que há necessidade de tributação mais alta para os mais ricos e redução de impostos para os mais pobres.
"Nós precisamos parar de aumentar tributos e fazer uma reforma em que os que podem mais possam pagar mais do que os que podem menos. Hoje, uma pessoa que ganha 1.800 já paga imposto de renda. É algo completamente inconcebível que país continue com um sistema tributário como este, em que os que ganham menos pagam proporcionalmente mais tributos do que os ganham mais", afirmou.
Campos acenou com a possibilidade de taxar com IPVA (Imposto de Propriedade de Veículos Automotores) lanchas e aviões particulares, em detrimento de automóveis populares. Segundo ele, não é justo que um carro mil ou uma moto paguem IPVA e um veículo de luxo, como helicópteros e iates, não.
"Não é normal se pagar tributo sobre uma moto de 125 cilindradas que leva um trabalhador da construção civil para o trabalho e não se pagar numa aeronave particular. São esses os desiquilíbrios que fazem com que o país tenha um sistema tributário injusto", disse.
Ainda que tenha sinalizado que irá tributar os mais ricos, o candidato garantiu que, se eleito, será o primeiro presidente a não aumentar a carga tributária no país, que gira em torno de 35% do PIB.
"Vamos permitir aumentar a carga tributária no Brasil? Não. Eu serei o primeiro presidente da República do ciclo democrático brasileiro que se compromete de maneira clara que não haverá aumento de carga tributária", afirmou.
O candidato voltou a dizer que na primeira semana de governo, caso eleito, irá entregar uma proposta de reforma tributária ao Congresso. O socialista afirmou que conseguirá reduzir impostos ao mesmo tempo em que pretende implantar, por exemplo, promessas como o passe livre, a escola pública em tempo integral e o ajuste fiscal nas contas do governo.
"Estamos falando de um governo de quatro anos e ao longo desse período nós vamos ter tempo de fazer a reforma tributária, para equilibrar as contas públicas, para crescer o país, para fazer o ensino integral ser uma realidade, para ter o passe livre. Esse é um processo que estamos fazendo com responsabilidade, fazendo conta".