24/01/2022 às 00h00 com informações de Folha de S.Paulo

Auditores da Receita dizem que presidência do Carf tenta driblar paralisação

Auditores da Receita Federal que atuam como conselheiros do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) classificam a manutenção dos sorteios de processos pela cúpula do órgão como uma forma de driblar a paralisação da categoria.

As sessões de julgamento no Carf previstas para janeiro foram canceladas, por causa da mobilização dos auditores em resposta à promessa de aumento a policiais feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa é que em fevereiro a paralisação seja mantida.

Nesse cenário, segundo os auditores, a presidência do Conselho tem realizado os sorteios com base em uma portaria como forma de "manter a normalidade" e mitigar o impacto da greve, uma vez que após a distribuição o conselheiro tem 180 dias para pautar o caso.

No entendimento dos conselheiros, a portaria na qual a cúpula do órgão se ampara não poderia ser utilizada, porque só se aplica em casos de sessões virtuais, e não quando não há sessão por motivo de paralisação de servidores.

Em nota, a presidência do Carf disse ter a responsabilidade de realizar os sorteios mensalmente e argumentou que "a gratificação mensal auferida pelos conselheiros representantes dos contribuintes [no caso, os auditores da Receita] é condicionada à relatoria de processos indicados para a pauta".

"O Conselho esclarece que, de acordo com o seu regimento interno, é possível sortear processos em qualquer das turmas, para os demais conselheiros, de sorte que bastaria uma turma deixar de funcionar em razão da pandemia para que fosse possível o sorteio a todos os conselheiros naquele mês", diz a nota.