Joaquim Levy descarta volta da CPMF
Questionado por jornalistas sobre se o imposto retornaria, Levy foi enfático: "Não há perspectiva"O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, descartou nesta sexta-feira, o retorno da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Questionado por jornalistas sobre se o imposto retornaria, Levy foi enfático: "Não há perspectiva". O ministro foi também perguntado se a volta da contribuição estaria sendo cogitada, ao que ele voltou a responder: "Eu não estou cogitando".
Levy, disse ainda nesta sexta-feira, na 43ª Reunião do Conselho Consultivo do World Trade Center (WTC), que em função do realinhamento dos preços relativos da economia a política monetária teve que se tornar mais dura. Para ele, no entanto, a política monetária começa a fazer efeito. "Não se pode tapar canais que fazem efeito", disse o ministro, acrescentando que quando se sobe juro não se pode aumentar o crédito.
De acordo com Levy, é bastante comum haver reclamações e pedidos para retomadas de linhas de crédito em períodos de apertos monetários. "Mas se aumenta o crédito não adiantou nada aumentar a taxa de juros", disse o ministro. "Não podemos atrair fatores ao contrário dos canais da política monetária", reforçou o ministro para uma plateia de cerca de 100 empresários.
Mais adiante no seu discurso, Levy voltou a falar sobre o crédito no Brasil. Disse que com a entrada da economia em outro patamar a partir de 2000, observou-se que a estrutura da economia brasileira se tornou obsoleta e que um desses problemas é o crédito. Segundo o ministro, o Brasil tem crédito direcionado para vários setores a taxas de juros diferentes. Isso, segundo ele, até suscitou debates ideológicos no País por alguns períodos sobre se era certo ou não.
"Mas a estrutura do crédito foi feita há 50 anos, na época do Dr. Bulhões", disse, ao se referir ao economista e ex-ministro da Fazenda Otávio de Gouveia Bulhões. De acordo com Levy, esta estrutura não dá mais conta da demanda por crédito hoje. "Os ditos créditos direcionados chegaram a seu limite", disse. Levy deu como exemplo, o setor imobiliário, que passou por mudanças porque a demanda por imóveis cresceu mais que o ritmo de crescimento dos depósitos na caderneta de poupança. "Não foi o governo que promoveu as mudanças", disse o ministro.