16/06/2015 às 00h00 com informações de Folha de S.Paulo

Futuro ministro do STF diz que ainda não decidiu se julga planos econômicos

Julgamento coloca em questão eventuais perdas de poupadores com a edição de planos econômicos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990

A um dia de tomar posse como 11º ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Edson Fachin afirmou nesta segunda-feira (15) que ainda não decidiu se participará do julgamento dos planos econômicos, um dos principais casos em discussão no tribunal e com impacto potencial bilionário para os bancos brasileiros.

Caso o ministro resolva não deliberar este caso, não haverá quórum no Supremo para uma definição sobre a ação, que exige no mínimo oito ministros para ser apreciada. Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia já se declararam impedidos para tratar do processo.

O julgamento do processo no Supremo foi suspenso no ano passado e coloca em questão eventuais perdas de poupadores com a edição de planos econômicos editados no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 para debelar a inflação. O STF vai definir se investidores com recursos na caderneta de poupança na implantação dos planos econômicos dos anos 1980 e 1990 têm direito a ressarcimento dos bancos por eventuais perdas.

Relator do caso, o presidente do STF, Ricardo Lewandoski, disse que aguarda a posse do novo integrante da Corte para marcar a retomada do julgamento.

Fachin atuou como advogado no STJ contra o antigo Banestado, adquirido pelo Itaú, para pedir correção de perdas com pacotes. O recurso foi rejeitado pelo Supremo.

"Duas coisas bem claras e objetivas sobre isso: como advogado eu atuei num caso que resultou no julgamento de recurso repetitivo no STJ sobre prazo prescricional. Eu ainda não formei decisão sobre esta matéria e quando a circunstância se apresentar eu vou declinar da posição que no momento ainda não há tenho", disse Fachin, em conversa com jornalistas.

O ministro afirmou que ainda precisa se inteirar dos detalhes do processo. "Então vou tomar posse e tomar pé desses processos, especialmente deste, e vou me inteirar disso. E em um momento oportuno vou manifestar minha decisão. E lhe digo com a maior transparência da alma possível, neste momento não tenho uma convicção formada."

A discussão sobre os planos foi suspensa no ano passado. O STF atendeu a pedido do Ministério Públcio Federal para revisar os ganhos que os bancos tiveram com a edição dos planos.

O MPF estimou esse número em R$ 441 bilhões, dado contestado pelo Banco Central e União. Para o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, os ganhos dos bancos com a execução dos planos não passaram de R$ 26 bilhões.

O nome de Fachin foi aprovado pelo plenário do Senado por 57 votos a 22, em maio. Ele ocupará a cadeira deixada por Joaquim Barbosa, que se aposentou no final de julho do ano passado.