Mudança no ICMS prevê novas alíquotas interestaduais a partir de janeiro de 2017
Projeto de resolução do Senado poderá ser votado hoje pelo plenário da CasaA pedido do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, as novas alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) só entrarão em vigor a partir de janeiro de 2017. Elas serão reduzidas gradualmente dos atuais 12% para 4% em 2024 para as mercadorias originárias dos Estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Espírito Santo.
No caso dos produtos provenientes dos Estados do Sul e Sudeste, as alíquotas serão reduzidas dos atuais 7% para 4%, no período de 2017 a 2019, segundo projeto de resolução do Senado, ao qual o Valor teve acesso e que poderá ser votado hoje pelo plenário da Casa.
A data da votação, no entanto, dependerá de decisão dos líderes partidários, em reunião marcada para hoje pela manhã no gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os senadores contam com a publicação de uma ou duas medidas provisórias no "Diário Oficial da União", criando o Fundo de Compensação das perdas dos Estados com a reforma do ICMS e do Fundo de Desenvolvimento Regional.
Ao mesmo tempo, os senadores darão prioridade à votação do projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues (Psol/AP) que permite a repatriação do dinheiro remetido de forma ilegal para o exterior por brasileiros. O governo estima poder recolher cerca de R$ 20 bilhões com o projeto e os recursos serão destinados aos dois fundos.
A resolução que será aprovada pelo Senado condiciona a entrada em vigor das novas regras do ICMS à existência de recursos nos dois fundos. O dinheiro obtido pelo governo com a repatriação será usado pelo governo, no primeiro momento, para fazer o primário de R$ 66,3 bilhões deste ano.
O projeto de reforma do ICMS, que está sendo relatado pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT), prevê situações especiais. O texto repete o convênio 70 regido pelos secretários estaduais de Fazenda, no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Pela resolução a ser aprovada, as operações interestaduais com produtos agropecuários e com mercadorias industrializadas produzidas em conformidade com o Processo Produtivo Básico - originários do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e do Espírito Santo e destinadas ao Sul e Sudeste - terão alíquotas reduzidas de 12% para 7% até 2021.
As alíquotas interestaduais das mercadorias da Zona Franca de Manaus (ZFM) destinadas aos demais Estados da Federação será reduzida dos atuais 12% para 10% até 2018. Uma situação especial será criada para os bens de informática produzidos na ZFM, que terão as alíquotas interestaduais reduzidas dos atuais 12% para 7% até 2021.
Outra situação especial está prevista para a tributação do ICMS sobre o gás natural. No caso do gás originário dos Estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, do Espírito Santo e do exterior, a alíquota interestadual cairá dos atuais 12% para 10% até 2018. No caso do gás natural proveniente do Sul e do Sudeste, a alíquota interestadual cairá dos atuais 7% para 4% até 2019.
A resolução da reforma do ICMS não se aplica às operações interestaduais com mercadorias e bens importados do exterior, que continuarão regidas pela Resolução 13, de abril de 2012, e às prestações interestaduais de serviço de transporte aéreo de passageiro, carga e mala postal, disciplinadas pela Resolução 95, de dezembro de 1996.
O cronograma da reforma do ICMS foi discutido ontem em reunião do Conselho Político, que contou com as presenças da presidente Dilma Rousseff, vice-presidente Michel Temer, Levy, ministro do Planejamento, Nelson Barbosa e dos líderes dos partidos da base aliada. Antes do encontro, o ministro da Fazenda disse que a reforma do ICMS é uma coisa que ajuda a orientar a economia.
"A gente está exatamente neste momento olhando o que vem para 2016 e a reforma do ICMS é que tem travado o investimento", afirmou Levy. "É uma possibilidade realmente a gente dar um passo a frente, reorganizar a economia, criando oportunidade de crescimento, de investimento e de emprego".